A cadeia de produção e distribuição de alimentos necessita de água, terra, adubos minerais, pesticidas, energia elétrica e combustíveis fósseis. O alimento que vai para o lixo enterra junto com ele todos esses recursos que foram consumidos durante o seu processo de produção e causa impactos ambientais na atmosfera e na biodiversidade.
Pode-se entender todo esbanjamento como despesa inútil, mas entre todos os tipos possíveis de desperdício, as proporções e os desdobramentos do desperdício de alimentos torna-o uma despesa censurável em um planeta com recursos naturais escassos e finitos.
Dados da FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, revelam que aproximadamente um terço dos alimentos produzidos em todo o mundo não é consumido pela população, sendo perdido em alguma etapa da cadeia de produção ou desperdiçado no elo final, em restaurantes e residências. Isso representa cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos que não são aproveitados ou, em valor monetário, uma quantia aproximada de US$ 1 trilhão por ano.
Quanto mais alimento é jogado no lixo, mais alimento precisa ser produzido para repor aquele que foi desperdiçado e consequentemente mais recursos naturais precisam ser usados para isso.
A gestão de resíduos, particularmente em áreas urbanas, é considerada como uma das questões ambientais mais importantes para os próximos anos. A reciclagem dos resíduos de matéria orgânica (bio-resíduos) ainda é bastante limitada, mesmo que esta seja a maior parte desses resíduos produzidos já que representam mais de um terço do nosso lixo. Hoje em dia, a maior parte desses resíduos orgânicos, ainda reaproveitáveis, são enterrados ou incinerados, provocando maiores problemas ambientais como poluição dos solos, do ar e dos lençóis freáticos além de uma demanda progressiva e maior de espaços para armazenamento.
O forte crescimento da população urbana tornou-se um grande problema para os municípios que têm pesquisado e experimentado várias soluções.
Uma solução cada vez mais utilizada é a conversão de resíduos orgânicos por insetos ou larvas, particularmente da mosca soldado negra (Black Soldier Fly, BSF): Hermetia illucens. Esta solução tem recebido muita atenção na última década por sua velocidade no tratamento dos resíduos, assim como a possibilidade promissora de utilizar as larvas de BSF capturadas como fonte de proteína para alimentação animal, oferecendo assim uma alternativa valiosa aos alimentos convencionais como a farinha de peixe, principalmente.
A criação de larvas de moscas soldado negra requer poucos recursos e permite de tratar com eficácia os bio-resíduos transformando-os em compostagem hiper-nutritiva para os solos e ainda é possível recuperar as larvas para alimentar animais domésticos como patos, galinhas, gansos, peixes e, mais recentemente, na fabricação de ração para cachorros.
Veja a seguir as vantagens de ter uma criação de BSF:
As larvas são compostas de aproximadamente 40% de proteínas e 30% de gordura bruta. Esta proteína de inseto é de alta qualidade nutritiva e pode constituir uma fonte interessante para a alimentação animal (galinhas, gansos, patos, peixes...)
As larvas demonstram neutralizar a maioria de bactérias transmissoras de doenças, como Salmonella spp ou E.Coli, o que limita o risco de transmissão de doenças para animais e humanos.
Uma redução da massa úmida de resíduos orgânicos entre 50 e 80%
O resíduo, substância semelhante ao composto, contém elementos nutritivos e matéria orgânica podendo ser utilizado diretamente nas lavouras.
A criação é barata e não requer meios sofisticados de produção. Promovendo uma solução acessível em todas as regiões do mundo.
A mosca soldado negra BSF pode ser encontrada globalmente na natureza em regiões tropicais e subtropicais entre as latitudes 40°S et 45°N
Fontes:
EcoDebate:https://www.ecodebate.com.br/2020/11/10/impactos-do-desperdicio-de-alimentos-que-vao-para-o-lixo/
Embrapa: www.embrapa.br
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